lunedì 17 maggio 2010

COLORIR A POBREZA

POR ESTADO DE SAO PAULO

Toque de letra. Além do novo visual, campo de futebol da região terá biblioteca com 1 mil livros, computadores, TV e DVD

Os olhos do designer Marcelo Rosenbaum brilham quando ele fala do projeto que será lançado hoje. "Descobri a ideia da minha vida", diz, de bate-pronto. "É um negócio bom para todo mundo: para a comunidade, para os estudantes, para as empresas..." Trata-se de uma iniciativa a ser implementada no Parque Santo Antônio, no bairro do Capão Redondo, zona sul paulistana. Que, depois, como se fosse uma franquia, deverá - no que depender de Rosenbaum - chegar a outros pontos de baixa renda pelo Brasil afora. "Vai virar uma marca, um replicador", antevê o arquiteto, entusiasta da ideia.

Na primeira frente, o projeto vem mobilizando, nos últimos meses, os moradores da comunidade do Capão. Mais ou menos uma centena aderiu. A Casa do Zezinho, organização social que atua no bairro, também se tornou parceira. Nos próximos meses, se tudo correr como planejado, o Parque Santo Antônio será transformado por meio da arte, educação e inclusão digital.

Técnicos de uma fabricante de tintas - apoiadora do projeto - vão ensinar pintura aos moradores de lá, capacitando-os a exercer a nova profissão. Como contrapartida, eles ficarão encarregados de pintar as casas dos moradores do entorno do Campo do Astro - único espaço de lazer público da localidade.

"Vão pintar conforme o gosto do morador. Não me importa se vai ter listras coloridas, bolinhas ou uma cor só", afirma Rosenbaum.

Espaço especial. Campo do Astro é a única área de lazer do bairro.

Autoestima. A partir de hoje, o designer visitará seis universidades (cinco brasileiras e uma inglesa) palestrando aos alunos dos cursos de Arquitetura, Design e Artes Visuais. Hoje está marcada a primeira apresentação, no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo. Os estudantes serão convidados a participar do trabalho - de cada universidade, cinco serão selecionados por meio de um jogo de ideias.

Em julho, esses 30 universitários vão colocar a mão na massa, participando do projeto. Durante uma semana, eles ficarão no Capão Redondo e terão a missão de realizar o sonho dos moradores da região.

"Primeiro eles vão descobrir os talentos dos que vivem ali", explica Rosenbaum. "Quituteiros, marceneiros, serralheiros... Todos vão ajudar de alguma forma." O objetivo será construir o maior número de benfeitorias possíveis - de parquinhos infantis a floreiras - de modo a agradar e elevar a autoestima dos habitantes do bairro.

Simultaneamente, o Campo do Astro ganhará uma biblioteca de 67 metros quadrados, com um acervo de 1 mil livros e equipamentos eletrônicos - computadores, impressora, copiador, scanner ,TV, DVD, som, geladeira, fogão elétrico e micro-ondas. A biblioteca será gerida pela Casa do Zezinho e estará aberta a estudantes universitários que queiram fazer estágios.

Toda essa história de transformação deve virar, até o fim do ano, livro e DVD. "Quero que fique a certeza de que cada comunidade é capaz de se transformar", afirma Rosenbaum. "O que vamos fazer é apenas despertar a consciência de cada ser humano. Já estamos fazendo isso, ao criar interessantes debates lá dentro."

Não é a primeira vez que se usam cores para melhorar o visual de uma comunidade pobre. Em 2003, o arquiteto Ruy Ohtake recebeu de moradores da favela de Heliópolis, na zona sul, o seguinte desafio: deixar o local menos feio. Ele abraçou a causa e resolveu dar um colorido especial às ruas.

Antes de começar o trabalho, o arquiteto fez um estudo cromático para chegar às cores ideais. Cada morador escolheu então um tom preferido entre azul, verde, amarelo, rosa, laranja, vermelho e branco - na avaliação de Ohtake, "cores urbanas, reivindicadoras". Uma marca de tintas topou apoiar a iniciativa. Na ocasião, uma biblioteca também foi construída.




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