domenica 27 febbraio 2011

MORREU MOACYR SCLIAR


Hoje sou muito triste. Morreu o grande Moacyr Scliar. Um escritor excellente, um homem extraordinario e sempre disponivel com as novas geraçoes. Foi com ele que eu aprendi o portugues. No mes de Julho do ano passado ele foi tao gentil que aceitou de ser intrevistado no meu blog. Aqui abaixo voces podem leer sua entrevista. Minha tristeza hoje é profunda.Ciao Moacyr, buon viaggio!

Quando cheguei no Brasil ao final do 2007 eu não falava nada de português. Só havia ouvido falar alguns portugueses na Europa e tinha vontade de chorar porque aquele idioma me parecia um mundo inextricavel e fechado. Mas as vezes o destino das pessoas é mais forte da vontade. Mudando para Brasil eu não tinha opção: aprender o português era essencial para minha sobrevivencia. Ao começo, sou honesta, era uma delicia não falar nada. Cada dia meu corpo, meu rosto se adaptavam para expressar emoções e necessidades. Além dos sentimentos universais de raiva, felicidade, tristeza, aprendi a correta expressão para comprar fruta na feira, para saber informações sobre as ruas, até para lidar com um ladrão.
Meu sorriso foi um bom passe-partout...mas além disso o que achava mais agradável neste limbo linguístico das primeiras semanas era que visitando as livrarias que eu adoro em todos os lugares do mundo a sensação era que todos aqueles livros estavam de uma certa forma me esperando. Eu formiga dentro duma montanha gostosa e rica, mas claro ainda não tinha a chave. Só que, sendo compulsiva nos livros, eu comprei. "Enigmas da culpa" de Moacyr Scliar foi o terceiro livro que eu comprei, depois do dicionário italiano-português, português-italiano e a gramática portuguesa. Porque? Como? Não sabia nada deste Moacyr Scliar mas o livro estava lá, amarelo na sua capa, por acaso abriu. O "accroche" como dizem os franceses, ou seja o começo do livro parecia ser escrito para mim "A culpa é um dedo que aponta, implacável. Aponta para quem? Para nos, claro".
"Culpa", "dedo", conseguia entender, também "implacável", são parecidos com italiano mas "apontar" tive que perguntar à moça da livraria que respondeu com o gesto correspondente.
Agora foi justamente esta interaçao entre gesto e palavra e um gesto tão forte para mim, estrangeira no Brasil, invisível neste pais que me levantou do meu limbo. Graças a este livro a moça da livraria tinha reconhecido minha existência, a força do livro tinha saído das paginas para se colocar na realidade. O efeito foi otimo e saudável para mim. Comprei o livro e deixei na minha livraria em casa na espera de aprender melhor o portugues para ler.
Desde minha chegada no Brasil então para mim Moacyr Scliar nao foi só um grande escritor mas o meu "Virgilio" nesta "terra incognita" que é o Brasil.
Ele é medico como Tchecov e através da palavra escrita não sei si cura as pessoas mas com certeza mostra os diagnósticos das nossa almas.
Moacyr Scliar aceitou de responder à algumas perguntas no meu blog. Eu agradeço ele infinitamente para ter aceitado e peço desculpa para meu português escrito que ainda está feio. Ele entao tevera que escrever ainda muitos livros para eu aprender!



Eu: Que significa hoje ser um escritor no Brasil?
MOACYR SCLIAR A situação do escritor brasileiro melhorou muito. Antes, as dificuldades de publicar eram enormes, o público era restrito. Hoje, o número de leitores aumentou, graças à alfabetização e o bom trabalho das escolas. As editoras se profissionalizaram, aprenderam a trabalhar com os leitores. A literatura mudou; o engajamento político, tônica do período da ditadura, agora é menos importante. Faz-se uma ficção urbana em que temas como a violência, a relação entre pessoas de classe média, o desamparo dos jovens aparecem muito.


Eu: Na Folha de São Paulo cada segunda feira o senhor "interpreta" fatos realmente acontecidos neste pais. Tem um Brasil sobre o qual o senhor gostaria de escrever e que ainda não tive tempo o oportunidade?
MOACYR SCLIAR O Brasil é gigantesco e tem uma diversidade incrível. Escrevo sobre o pouco que conheço, mas, devo dizer, já é mais que suficiente para me mobilizar pelo resto da vida...



Eu: O senhor è medico num pais onde a medicina é uma profissão com excelentes experts. Como esta sua profissão interagiu com sua literatura?
MOACYR SCLIAR Existe uma tradição de médicos-escritores, o que é explicável: são dois ofícios que lidam com os aspectos mais profundos da condição humana, e que valorizam a palavra (num caso como ferramenta de criação estética, no outro como instrumento de relacionamento terapêutico). No meu caso a experiência de médico clínico, e depois de médico de saúde pública, foi fundamental, não só do ponto de vista de compreensão dos seres humanos como também como porta de entrada para a realidade social.



Eu: Inspiração é a mesma em todos os países. o que é para você inspiração como escritor?
MOACYR SCLIAR É aquele instante inesperado em que o consciente, isto é, a parte da mente que lida com as palavras, que faz o texto, tem acesso ao inconsciente, o reduto de nossas fantasias, de nossa imaginação. A combinação imaginação-forma literária é a fórmula que todo escritor quer alcançar.

venerdì 18 febbraio 2011

Descubra qual é o seu tipo de raiva


POR UOL

IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO

Todo mundo tem uma raiva para chamar de sua, sabendo ou não o nome dessa emoção, tanto básica quanto inevitável.

"Há uma classificação tradicional das emoções em primárias, secundárias e terciárias. A raiva está no primeiro grupo, que são as mais simples e estão presentes em todos os seres vivos desde sempre", diz o psiquiatra Daniel Martins de Barros, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Quer dizer que, em estado puro, raiva é tão inocente quanto um animal selvagem.

Mas o animal racional é assim chamado porque desenvolveu córtex frontal do cérebro, estrutura que o permite controlar os instintos e adequá-los ao convívio social.

"Ao longo da evolução, a forma de manifestar a raiva foi mudando. A reação depende do que cada um de nós considera um ataque à própria sobrevivência", diz o psicanalista Marcio Giovannetti, da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo.

Editoria de Arte / Folhapress/Editoria de Arte / Folhapress


FORA DO CONTROLE

Comum a todos, a raiva é vivida em diferentes graus ou intensidades por cada um.

"Em psiquiatria, os sintomas são variações da normalidade. Se saem do controle e começam a trazer prejuízos para o dia a dia, é hora de examinar o que é e o que pode ser feito", explica Barros.

Em si, não é sintoma de nada específico, mas pode estar presente em vários distúrbios, da depressão ao transtorno antissocial.

"Pode aparecer muito no transtorno explosivo intermitente, em que a pessoa reage de forma inesperada, intempestiva e desproporcional à provocação, perdendo o controle", diz o psiquiatra.

Como todo mundo que já levou uma fechada no trânsito sabe, mesmo sem nenhum diagnóstico psiquiátrico o descontrole acontece. E pode atrapalhar a vida.

"O sentimento persistente ou exacerbado traz danos. E muita gente o cultiva, sem perceber que se trata de raiva", diz a psicóloga Marilda Lipp, fundadora do Centro Psicológico de Controle do Stress.

Para lidar com a emoção, é preciso reconhecê-la, o que nem sempre é fácil, porque a raiva tem várias faces -todas potencialmente danosas.

"Se a pessoa não percebe o que está acontecendo, alimenta a raiva (seja em manifestações externas ou internamente), e cria um círculo vicioso", diz Lipp.

Os efeitos se acumulam no corpo. Raiva não controlada pode causar problemas cardiovasculares, estomacais e dermatológicos.

Entendendo o que desencadeia a emoção e como ela se manifesta, estratégias de controle, como terapia cognitivo-comportamental e exercícios respiratórios, podem evitar o estrago.

"Isso não quer dizer negar a raiva, mas aprender a lidar com ela de forma mais racional e adequada ao contexto social", explica Giovannetti.

Achar que é melhor explodir é questionável. "Houve época em que se acreditava nisso. Mas há trabalhos mostrando que a explosão é tão prejudicial quanto engolir a raiva do ponto de vista físico e psicológico", diz Barros.