domenica 7 marzo 2010

BOM DIA DAS MULHERES!

A foto, talentosa, é do Mario Sorrenti para Vogue France. A modelo, Eniko Mihalik, é maravilhosa na inteligencia com a qual usa seu corpo. Esta reportagem produzida por Vogue é bacana. A revista mais famosa do mundo para celebrar a beleza feminina consegue fazer com arte autocrítica da degradação desta beleza. Um assunto otimo para lembrar este dia das mulheres, que transformaram este templo que é o corpo num produto de laboratório, dentro completamente vazio.
O que é a beleza então? E onde fica? Fora das rugas ou dentro delas?
Eu não sou uma modelo mas gosto muito do meu corpo. Gosto das suas imperfecçoes, das suas cicatrizes, do tempo que coloca marcas nele. Gosto do make up, claro, dos produtos de limpeza de qualidade mas além disso aceito. Aceito a transformação e consigo "manipular-a" só com a cabeça. Si eu sou feliz e em harmonia no meu rosto tudo o mondo pode ver. Não tem make up melhor de uma alma bem cultivada com gosto e inteligencia da vida.
Quando cheguei aqui no Brasil eu fiquei impressionada pelo culto do corpo que as mulheres brasileiras tem. Olha bem. Ver mulheres com 60 anos ir para academia é maravilhoso, significa respeito para si mesmo e energia vital à gogo. Não é isso o problema. O problema é quando eu descobriu que tem mulheres, lindas demais que quer fazer lipo ou colocar novos seios.E quando eu falo para elas que fico impressionada porque elas não precisam elas me olham de uma cara louca. Ontem nos jornais uma outra noticia de uma mulher morta por causa de uma liposuçao errada...é um boletim de guerra...
Mas onde fica a beleza, dentro o fora das rugas? Para OK salute, um dos magazine italianos mais importantes sobre a saúde (publicado em colaboração com o Corriere della Sera) eu fiz uma entrevista con Raul Gonzales, um dos cirurgiões plásticos mais conhecidos no mundo. Falamos sobre a cirurgia "do bumbum", ou seja colocar protesis lá também. Ele é um grande profissional e me contou que tem muitas clientes, também italianas, que lutam para ter uma bunda melhor. Lutam para recolher dinheiro, convencer o marido, ir até cirurgia. Lutam. Mulheres com 16 anos, mulheres com 70 anos. Lutam. Luta é luta, depende do objectivo.
E' por isso que gostei muito da entrevista desta semana na Istoé com a historiadora Mary Del Priore "O espelho é a nova submissão feminina". Alguns trechos são excelentes:
"No decorrer deste século a brasileira se despiu. O nu, na teve, nas revistas e nas praias incentivou o corpo a se desvelar em publico. A solução foi cobri-lo de creme, colageno e silicone. O corpo se tornou fonte inesgotável de ansiedade e frustração. Diferentemente de nossas avós, não nos preocupamos mais em salvar nossos corpos da rejeição social. Nosso tormento não é o fogo do inferno mas a balança e o espelho".
Outra questão, bem conectada com a precedente. A escravidão do espelho nos tornou cegas sobre assuntos fundamentais. Por exemplo o aborto. Meu pais é o pais católico por definição, eu nunca faria um aborto mas acho que ter uma lei que permite o aborto é um dever social. O aborto não è um anticoncepcional mas uma opção de liberdade para as mulheres. No meu pais a geração da minha mae nos anos 70 lutou muito por este direito. As mulheres colocavam mesas nas ruas para recolher assinaturas e propor o referendum, partcipavam as debates tv, escriviam materias nos jornais...
Deu certo! Fomos ganhar a luta e em 1978 a lei foi aprovada. Olha bem, eu nunca utilizei esta lei mas eu sei que é um meu direito. Quando cheguei em São Paulo mulheres da high class me falaram que tudo o mondo faz. As ricas nas clínicas, pagando muito, as pobres nas favelas com riscos de infecçao e emorragicos. INACREDITÁVEL...
E nunca viu mesas, debates, açoes para mudar esta situaçao.
"Panelas, mulheres, poder aos mulheres" eu inventei este slogan quando ainda estava aprendendo o portugues. Era uma brincadeira com meu marido. Mas frequentemente eu repeto isso na minha cabeça. Este pais precisaria disso...
A Mary Del Priore diz coisas interessantes demais. Istoé pergunta: Por que o feminismo não pegou no Brasil?
E ela responde:
Apesar das conquistas na vida publica e privada, as mulheres continuam marcadas por formas arcaicas de pensar(...) Há uma desvalorização grosseira das conquistas das mulheres, por elas mesma".
Wake up Brazil, wake up!