POR Lilian Ferreira
Do UOL Ciência e Saúde
Áreas ativadas do cérebro durante a leitura
O aprendizado da leitura altera redes no cérebro, interligando áreas de visão e fala e ativando zonas menos usadas. E a melhor resposta dos neurônios acontece tanto naqueles alfabetizados na infância quando na idade adulta. Esta foi a conclusão de um estudo feito por pesquisadores internacionais, com a participação da Rede Sarah, que será publicado na revista Science desta semana.
“Percebemos que uma área ativada por analfabetos ao ver faces e objetos do hemisfério esquerdo do cérebro era usada pelos que sabiam ler para reconhecer letras. A área da fala também teve sua resposta aumentada, mostrando ligação entre elas. E ao ver faces, os alfabetizados ainda ativavam a mesma área correspondente à visão do lado direito do cérebro”, explica Lucia Willadino Braga, coordenadora do estudo e pesquisadora do Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah.
Assim, não é que o cérebro se modifique ao aprender a leitura, mas ele passa a fazer novas ligações e a usar áreas antes negligenciadas ou com funções diferentes.
O estudo mediu, através de ressonância magnética funcional, a atividade cerebral de 63 adultos voluntários com níveis variados de alfabetização, enquanto uma bateria de estímulos lhes era apresentadas como frases faladas e escritas, palavras e falsas palavras faladas, rostos, casas, objetos e tabuleiros. Eram 10 analfabetos, 22 pessoas alfabetizadas na idade adulta e 31 pessoas escolarizadas desde a infância. A pesquisa foi realizada simultaneamente com portugueses e brasileiros.
Leitura e fala
A leitura aumenta as respostas à linguagem falada no córtex auditivo, em uma área relacionada à codificação dos fonemas. Esse resultado corresponde à constatação de que os analfabetos não conseguem realizar jogos de linguagem, tais como a deleção do primeiro som de uma palavra (Banana → anana).
A pesquisa também mostrou a comunicação bidirecional entre as redes da linguagem falada e escrita: para um bom leitor, ver uma frase escrita ativa a totalidade das áreas da linguagem falada e, ao escutar uma palavra falada, a pessoa tem reativado rapidamente o seu código ortográfico nas áreas visuais. Nos indivíduos que não aprenderam a ler, o tratamento da linguagem é menos flexível e estritamente limitado à modalidade auditiva.
Segundo Braga, a diferença entre os que aprenderam a ler na infância e aqueles alfabetizados na fase adulta é que os primeiros possuem mais redes e, por treino de leitura, conseguem ler mais palavras por minuto. “Quanto mais estimulado pela leitura, mais complexas são as redes neurais”, conta.
A neurocientista ainda ressalta que a maioria das pesquisas com ressonância magnética funcional é realizada com cérebro educado e que sua organização, na ausência de educação, constitui um território amplamente inexplorado.
Do UOL Ciência e Saúde
Áreas ativadas do cérebro durante a leitura
O aprendizado da leitura altera redes no cérebro, interligando áreas de visão e fala e ativando zonas menos usadas. E a melhor resposta dos neurônios acontece tanto naqueles alfabetizados na infância quando na idade adulta. Esta foi a conclusão de um estudo feito por pesquisadores internacionais, com a participação da Rede Sarah, que será publicado na revista Science desta semana.
“Percebemos que uma área ativada por analfabetos ao ver faces e objetos do hemisfério esquerdo do cérebro era usada pelos que sabiam ler para reconhecer letras. A área da fala também teve sua resposta aumentada, mostrando ligação entre elas. E ao ver faces, os alfabetizados ainda ativavam a mesma área correspondente à visão do lado direito do cérebro”, explica Lucia Willadino Braga, coordenadora do estudo e pesquisadora do Centro Internacional de Neurociências da Rede Sarah.
Assim, não é que o cérebro se modifique ao aprender a leitura, mas ele passa a fazer novas ligações e a usar áreas antes negligenciadas ou com funções diferentes.
O estudo mediu, através de ressonância magnética funcional, a atividade cerebral de 63 adultos voluntários com níveis variados de alfabetização, enquanto uma bateria de estímulos lhes era apresentadas como frases faladas e escritas, palavras e falsas palavras faladas, rostos, casas, objetos e tabuleiros. Eram 10 analfabetos, 22 pessoas alfabetizadas na idade adulta e 31 pessoas escolarizadas desde a infância. A pesquisa foi realizada simultaneamente com portugueses e brasileiros.
Leitura e fala
A leitura aumenta as respostas à linguagem falada no córtex auditivo, em uma área relacionada à codificação dos fonemas. Esse resultado corresponde à constatação de que os analfabetos não conseguem realizar jogos de linguagem, tais como a deleção do primeiro som de uma palavra (Banana → anana).
A pesquisa também mostrou a comunicação bidirecional entre as redes da linguagem falada e escrita: para um bom leitor, ver uma frase escrita ativa a totalidade das áreas da linguagem falada e, ao escutar uma palavra falada, a pessoa tem reativado rapidamente o seu código ortográfico nas áreas visuais. Nos indivíduos que não aprenderam a ler, o tratamento da linguagem é menos flexível e estritamente limitado à modalidade auditiva.
Segundo Braga, a diferença entre os que aprenderam a ler na infância e aqueles alfabetizados na fase adulta é que os primeiros possuem mais redes e, por treino de leitura, conseguem ler mais palavras por minuto. “Quanto mais estimulado pela leitura, mais complexas são as redes neurais”, conta.
A neurocientista ainda ressalta que a maioria das pesquisas com ressonância magnética funcional é realizada com cérebro educado e que sua organização, na ausência de educação, constitui um território amplamente inexplorado.
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