mercoledì 18 maggio 2011

Ansiedade é o pior de todos os males psicológicos, diz especialista


HELOÍSA NORONHA
Colaboração para o UOL

Ansiedade pode causar doenças sérias como gastrite, úlceras, colites, taquicardia, hipertensão e cefaleia

Aflição, agonia, impaciência, inquietação. Esses são alguns sinais da ansiedade, sentimento capaz de prejudicar a qualidade de vida, autoestima e saúde do ser humano.

Aprender a lidar com ela é fundamental para garantir uma vida saudável. E para isso, é preciso entender os seus mecanismos.

“A ansiedade é uma excitação do sistema nervoso central, que acelera o funcionamento do corpo e da mente. Quando estamos ansiosos, liberamos o neurotransmissor noradrenalina, que provoca toda essa excitação. É um processo que pode ser tanto hereditário como adquirido através das experiências que temos nos ambientes mais hostis. A ansiedade está intimamente vinculada à forma como interpretamos as situações da vida”, explica a psicóloga Sâmia Aguiar Brandão Simurro, de São Paulo (SP), que é vice-presidente de Projetos e Expansão da Associação Brasileira de Qualidade de Vida (ABQV).

Para o psicólogo Alexandre Bez, especialista em relacionamentos pela Universidade de Miami e em ansiedade e síndrome do pânico pela Universidade da Califórnia, a ansiedade é o pior de todos os males psicológicos. “Ela é o gatilho para desencadear outros transtornos. Dentro do ponto de vista psicológico, podemos definir ansiedade como um estado mental praticamente subjetivo carregado de apreensão e recheado de incertezas”, diz.

Por causa dos múltiplos papéis que desempenham e devido às variações hormonais, algumas mulheres sofrem mais com a ansiedade e o estresse. Porém, os homens não estão imunes a esse mal. Questões profissionais e financeiras também podem desencadear a sensação de angústia e impaciência no sexo masculino.

Sentimento que pode causar doenças
Se não for controlada, a ansiedade pode causar o surgimento de enfermidades psicossomáticas, ou seja, doenças que afetam a saúde física e mental. Gastrite, úlceras, colites, taquicardia, hipertensão, cefaleia e alergias são alguns exemplos de doenças causadas pela ansiedade. Ela também é responsável pelo surgimento de doenças psiconeurológicas e psicooncológicas.

O psiquiatra italiano Leonard Vereaque explica que isso acontece, pois as pessoas não conseguem eliminar de forma natural a tensão gerada pela ansiedade. “A mente cria válvulas artificiais para dar vazão a essa energia negativa. A partir daí, a pessoa começa a usar o próprio organismo como válvula de descarga”, afirma.

Qualquer um sofre, em maior ou menor grau, de ansiedade. Mas o transtorno merece atenção redobrada quando passa a prejudicar os relacionamentos conjugais, profissionais, acadêmicos e até mesmo sexuais.

“Quando a ansiedade ultrapassa o limite e a pessoa não consegue mais realizar suas tarefas diárias sem sofrimento, é hora de buscar ajuda especializada e dar início a um tratamento”, explica a psicóloga Sâmia Simurro.

“Ter força de vontade e entender que essa ansiedade descontrolada não é normal são requisitos básicos para o processo de cura inicial”, afirma o psicólogo Alexandre Bez. “Procurar ajuda psicológica é fundamental para retomar a rotina. Curar-se sozinho é praticamente impossível”, alerta. De acordo com Bez, em casos extremos e dependendo do perfil do paciente é necessária a prescrição de medicamentos.

Apesar dos males causados pela ansiedade, a psicóloga Sâmia Simurro alerta que, na dose certa, esse sentimento pode ser positivo. “Precisamos de desafios para nos desenvolver. É preciso aprender a viver com níveis de ansiedade suficientes para atingir o nível mais alto do nosso potencial. É claro que ansiedade demais torna a vida das pessoas um caos, porém, nenhuma ansiedade nos leva à estagnação”, conclui.

Veja como mudar 15 hábitos e combater a ansiedade:


Deixar tarefas pendentes aumenta a ansiedade

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1. Procure não deixar nada pendente
Não terminar tarefas e assumir responsabilidades acima do que se pode fazer contribuem para o aumento da ansiedade. Esboce um plano para resolver o que é urgente e organize-se.

2. Prepare-se para os desafios
Atitudes como estudar com antecedência para as provas, informar-se sobre a empresa antes de uma entrevista de emprego e se preparar para uma reunião de negócios são fundamentais para ter confiança diante dos desafios. Dessa forma, você vai se sentir seguro e menos ansioso.

3. Melhor prevenir do que remediar
Antes de sair, veja se o tanque de combustível do carro está cheio. Se você saiu de casa com o ponteiro do combustível na reserva, trate de completar o tanque no primeiro posto que avistar. Evite ter problemas desnecessários por falta de precaução e cuidado.

4.Veja o lado bom das coisas
De acordo com um estudo publicado pela Isma Brasil, filial da International Stress Management Association, instituição voltada à pesquisa e ao desenvolvimento da prevenção e do tratamento do estresse no mundo, o impacto positivo da felicidade no sistema de imunidade é mais poderoso do que o negativo e ajuda a minimizar a ansiedade. Portanto, se você planejava ir à praia no fim de semana, mas viu que o tempo não está bom, mude seus planos: vá ao cinema, faça um fondue com os amigos, alugue os DVDs da série que você adora ou faça outro programa que o agrade. Ao invés de reclamar, procure transformar situações negativas em positivas.

Praticar exercícios faz bem para a saúde mental e física
5. Caminhe 30 minutos por dia, três vezes por semana
Essa prática, recomendada pela OMS, é ótima não só para tirar você do grupo dos sedentários como para ajudar a controlar a tensão emocional. O mesmo período de tempo pode ser empregado para qualquer outra atividade física, como boxe, ioga ou corrida.

6. Ouça música
“Estudos científicos demonstram que a música relaxa os músculos, diminui a sensibilidade à dor e dilui emoções destrutivas”, explica a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma Brasil. Para driblar a ansiedade, os gêneros mais indicados são o clássico e o barroco – em especial, no trânsito.

7. Evite ter pensamentos negativos
Seu pensamento determina a forma como você enxerga a vida. Se pensar de maneira positiva, vai se sentir mais feliz e as chances de tudo dar certo podem ser maiores.

Cuidar de animais de estimação ajuda a relaxar
8. Tenha um bicho de estimação
O simples ato de fazer carinho em um animal relaxa tanto o bicho quanto seu dono. Alguns estudos científicos indicam que as pessoas que cuidam de um animal tendem a baixar a pressão arterial. Então, se você não tem condições de ter um pet, que tal levar o cachorro da vizinha para passear de vez em quando? Observar peixes no aquário também traz benefícios: tranquiliza a mente e evita pensamentos que trazem preocupação e ansiedade.

9. Livre-se da mania de perfeição
Perfeccionistas tendem a prejudicar suas relações pessoais e profissionais colocando-se sob constante pressão. Confronte o medo que lhe motiva a buscar a perfeição. Você pode temer, por exemplo, que as pessoas não gostem de você. Na realidade, as pessoas tendem a respeitar quem tem coragem de admitir um erro e repelem quem acha que sabe tudo.

10. Deixe o trabalho no trabalho
Muitos sintomas do estresse, como ansiedade, dores musculares, hipertensão, fadiga, taquicardia e angústia, têm sido atribuídos ao acúmulo das pressões profissionais. Evite ficar pensando em trabalho depois do expediente. Afinal, você já passa horas no escritório.

11. Alimente o seu humor
Carboidratos, em geral, costumam acalmar: macarrão, pães, biscoitos, arroz e batata. Frutos do mar, nozes, brócolis, espinafre, chocolate e pimentão dão energia. Já a cafeína ajuda a combater o cansaço, mas deixa o cérebro mais desperto, o que pode ser um perigo para pessoas muito ansiosas.

Mexer com plantas alivia
a tensão e a ansiedade
12. Tenha plantas em casa
Cuidar de plantas (flores ou hortaliças) pode proporcionar equilíbrio emocional e amenizar os efeitos negativos do estresse. Regar uma plantinha é uma terapia informal, que ajuda aliviar a tensão e a ansiedade. Mexer com terra e folhas não resolve os problemas, mas ajuda a refletir e analisar melhor as situações.

13. Faça refeições sem pressa
Escolha um momento em que você possa comer sem interrupções. “Procure sentir os sabores, a temperatura e a textura dos alimentos. Sinta-os se desmanchar e transformando-se em sangue e tecido para o seu corpo”, sugere Carlos Legal, consultor em aprendizagem organizacional e qualidade de vida no trabalho, da Legalas Educação e Qualidade de Vida, empresa dedicada ao desenvolvimento de pessoas e organizações.

14. Dê uma pausa no trabalho
Busque fazer uma pausa durante o trabalho. Feche os olhos e respire fundo por alguns minutos, procurando manter a mente tranquila e relaxada. O cardiologista Artur Zular, de São Paulo (SP), diz que é bom se imaginar em algum lugar calmo, como um bosque, jardim ou uma praia, sempre sozinho. “Estar com alguém inspira sentimentos e o melhor para meditar é ficar livre de qualquer emoção, concentrando-se apenas em si”, explica.

15. Medite com palavras
Marcia Plessmann, instrutora do Centro de Estudos Filosóficos Palas Athena, de São Paulo (SP), ensina que para meditar é preciso criar uma frase que seja significativa e inspiradora para manter a ansiedade sob controle. “Na medida em que você solta a respiração, repita a frase mentalmente. Pode, também, ser uma oração ou um pequeno verso”, ensina.

sabato 14 maggio 2011

Por que se preocupar? É bom para você



POR NY TIMES



Robert H. Frank



O falecido Amos Tversky, um psicólogo de Stanford e pai fundador da economia comportamental, costumava dizer: “Meus colegas, eles estudam a inteligência artificial; eu estudo a estupidez natural”.

Nas últimas décadas, a economia comportamental se transformou em uma área em crescimento desenfreado na economia. Os acadêmicos neste campo trabalham principalmente no cruzamento da economia com a psicologia, e grande parte de sua atenção se concentra nas propensões sistemáticas dos julgamentos e decisões das pessoas.

Eles apontam, por exemplo, que as pessoas são particularmente ineptas em prever como as mudanças nas circunstâncias em suas vidas afetarão sua felicidade. Mesmo quando as mudanças são enormes –positivas ou negativas– a maioria das pessoas se adapta mais rápida e completamente do que esperam.

Esses erros de previsão, argumentam os economistas comportamentais, frequentemente levam a decisões falhas. Um exemplo célebre descreve um professor assistente de uma importante universidade, que agoniza por anos sobre se será promovido. No final, seu departamento o dispensou. Como previsto, ele se sentiu abjetamente mal –mas apenas por poucos meses. No ano seguinte, ele ocupava um novo cargo em uma universidade menos seletiva e, segundo todas as medidas disponíveis, ele nunca esteve tão feliz.

A aparente lição é que se o professor tivesse conhecimento dessa evidência relevante, ele saberia que não havia motivo para se preocupar com sua promoção –que ele seria mais feliz sem ela. Mas essa é a lição errada, porque não se preocupar reduziria ainda mais sua probabilidade de conseguir a promoção. E promoções frequentemente importam de formas que têm pouco impacto nos níveis cotidianos de felicidade.

Paradoxalmente, nossos erros de previsão frequentemente nos levam a escolhas que são as mais sábias olhando para trás. Nesses casos, a biologia evolucionária frequentemente fornece um guia mais claro do que a psicologia cognitiva para se pensar a respeito de como as pessoas se comportam.

Segundo Charles Darwin, as estruturas motivacionais dentro do cérebro humano foram forjadas pela seleção natural ao longo de milhões de anos. Em sua estrutura, o cérebro evoluiu não para nos deixar felizes, mas para motivar ações que ajudam a pressionar nosso DNA para a próxima fase. Grande parte do tempo, de fato, o cérebro consegue isso nos deixando descontentes. Ansiedade, fome, fadiga, solidão, sede, raiva e medo estimulam a ação para vencer os desafios competitivos que enfrentamos.

Como o falecido economista Tibor Scitovsky disse em “The Joyless Economy”, o prazer é uma emoção inerentemente fugaz, uma que experimentamos enquanto escapamos dos estados emocionalmente adversos. Em outras palavras, prazer é a cenoura que nos atrai para nos livrarmos desses estados, mas quase sempre desaparece rapidamente.

O cérebro humano foi formado pela competição implacável do mundo natural, de modo que não deveria causar surpresa nos adaptarmos rapidamente às mudanças nas circunstâncias. Uma pessoa constantemente satisfeita com sua primeira promoção teria dificuldade para encontrar o impulso para competir pela próxima.

A dor emocional também é fugaz. Os economistas comportamentais frequentemente notam que apesar das pessoas que ficam fisicamente paralisadas experimentarem a devastação emocional imediatamente após seus acidentes, elas geralmente se recuperam surpreendentemente rápido. Em seis meses, muitas já apresentam a mistura diária de humores semelhante à sua experiência pré-acidente.

Esse resultado é frequentemente interpretado como significando que ficar fisicamente inválido não é tão ruim quanto a maioria das pessoas imagina. A evidência, entretanto, aponta fortemente o contrário. Muitos paraplégicos, por exemplo, dizem que se submeteriam a uma operação para recuperação da mobilidade mesmo se o risco de mortalidade fosse de 50%.

O ponto é que quando o infortúnio cai sobre nós, não é de ajuda ficarmos interminavelmente abatidos. É bem melhor, é claro, nos adaptarmos o mais rápido possível e extrair o melhor das novas circunstâncias. E é isso o que um cérebro forjado pelas pressões impiedosas da seleção natural nos impele a fazer.

Tudo isso nos leva de volta às nossas decisões sobre quão arduamente devemos trabalhar –escolhas que têm implicações importantes para as vidas que podemos levar.

A maioria das pessoas adoraria ter um emprego com colegas capazes e interessantes, com um alto grau de autonomia e amplas oportunidades para expressão criativa. Mas apenas um número limitado desses empregos está disponível –e é nossa preocupação que nos motiva a consegui-los.

Dentro dos limites, a preocupação com o sucesso faz com que os estudantes estudem mais para conseguir entrar para as melhores universidades. Faz professores assistentes trabalharem mais para serem efetivados. E faz os diretores de cinema se esforçarem para criar a cena perfeita, os compositores para conseguir a melodia mais agradável. Em todos os campos, as pessoas que se esforçam mais têm maior probabilidade de sucesso profissional, maior probabilidade de fazer a diferença.

A ansiedade que sentimos sobre se seremos bem-sucedidos é a forma da evolução nos motivar. E a evidência está clara que a maioria de nós não olha para trás para nossos esforços com arrependimento, mesmo se nossa mistura diária de emoções no final não mudar.

Mas a teoria evolucionária também aconselha humildade a respeito da boa fortuna pessoal. Como Darwin viu claramente, interesses individuais e coletivos nem sempre coincidem. Um bom emprego é um conceito inerentemente relativo, e quando uma pessoa conquista excelentes benefícios, sua sorte significa que outra pessoa igualmente merecedora não conseguiu aquele emprego.

Quando as pessoas se empenham mais a renda cresce. Mas grande parte dos gastos resultantes da renda extra apenas eleva o padrão definido como adequado. Logo, do ponto de vista da sociedade, parte da ansiedade a respeito de quem conseguirá quais empregos pode ser excessiva. Mas isso é muito diferente de dizer que as pessoas não devem se preocupar em serem bem-sucedidas.

Robert H. Frank é professor de economia da Escola Johnson de Pós-Graduação em Administração da Universidade de Cornell.

Tradução: George El Khouri Andolfato